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Capim Dourado: O Tesouro do Jalapão e Sua Herança Cultural

Capim Dourado: O Tesouro do Jalapão e Sua Herança Cultural

O capim dourado, conhecido como o “ouro do Cerrado”, é muito mais do que uma planta: é um símbolo de tradição, sustentabilidade e riqueza cultural da região do Jalapão, no Tocantins. Com sua tonalidade brilhante que lembra o ouro, o Syngonanthus nitens encanta pela beleza e pela história que carrega. Esta planta, que reflete a resiliência do bioma Cerrado, conecta comunidades tradicionais a práticas ancestrais, ao mesmo tempo em que ganha espaço em mercados globais, sendo celebrada em exposições internacionais de design e sustentabilidade. Além de seu impacto econômico, o capim dourado representa a luta pela preservação ambiental e cultural, unindo o saber popular à inovação artesanal. Sua versatilidade inspira desde joias minimalistas até instalações artísticas, tornando-o um embaixador da cultura brasileira em eventos como a Semana de Design de São Paulo. Para os visitantes de Natividade, Tocantins, a Ourivesaria Colonial, localizada próxima à histórica Igreja de Pedra, oferece peças autênticas de capim dourado, também disponíveis em seu site (www.ocolonial.com) com entrega para todo o Brasil. Neste artigo, exploraremos as origens, a cultura, a extração sustentável e fatos históricos sobre o capim dourado, destacando sua importância para as comunidades locais e sua relevância no cenário nacional e internacional.

 

Origens Do Capim Dourado

Apesar do nome, o capim dourado não é um capim, mas uma planta da família das Eriocaulaceae, conhecida como sempre-viva. Suas hastes douradas, que brotam em rosetas próximas ao solo, crescem em campos úmidos próximos às veredas do Cerrado brasileiro, em estados como Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia. No entanto, é no Jalapão, Tocantins, que o capim dourado ganha destaque, graças às condições únicas do solo, ricas em alumínio, que intensificam sua cor dourada característica. Este ambiente singular, com solos arenosos e alta incidência de luz solar, cria um microclima ideal para o desenvolvimento da planta, que se adapta perfeitamente às condições adversas do Cerrado, um bioma conhecido por sua resiliência frente a longos períodos de seca.

A planta, que atinge cerca de 4 cm de diâmetro em sua roseta basal, produz de 1 a 20 hastes por ano, cada uma com pequenas flores brancas que geram sementes minúsculas (menores que 1 mm) com alta taxa de germinação (85-100% em laboratório). Sua tonalidade dourada se intensifica após a colheita e secagem, tornando-a perfeita para o artesanato. Curiosamente, o capim dourado é uma espécie endêmica do Cerrado, o que significa que sua distribuição natural é limitada a esse bioma, tornando-o um recurso único e valioso. Estudos botânicos recentes indicam que a planta desempenha um papel ecológico importante, ajudando a estabilizar o solo em áreas de veredas e contribuindo para a conservação da biodiversidade local. Além disso, sua capacidade de manter o brilho mesmo após anos de colheita reforça seu apelido de “sempre-viva”, um testemunho de sua durabilidade e beleza atemporal.

 

A Cultura Do Capim Dourado

O artesanato com capim dourado é uma tradição centenária, iniciada por indígenas da etnia Xerente no início do século XX, que ensinaram as técnicas aos moradores da comunidade quilombola de Mumbuca, no município de Mateiros, Tocantins. Essa prática foi passada de geração em geração, especialmente entre as mulheres, que transformaram as hastes douradas em peças como pulseiras, brincos, bolsas, chapéus, mandalas e objetos de decoração. Este saber artesanal não é apenas uma forma de expressão cultural, mas também um ato de resistência, preservando a identidade das comunidades tradicionais frente às pressões da modernização e do turismo crescente no Jalapão. As artesãs, muitas vezes trabalhando em mutirões comunitários, combinam o capim dourado com fibras naturais, como a palha do buriti, criando peças que unem estética rústica e sofisticação, atraindo olhares de designers e colecionadores.

A comunidade Mumbuca, composta por descendentes de quilombolas e indígenas, foi pioneira na produção artesanal, que ganhou notoriedade em 1993 durante a primeira Feira de Folclore, Comidas Típicas e Artesanato do Estado do Tocantins (FECOARTE), em Palmas, com incentivo da então primeira-dama Eleusa Miranda Costa. Desde então, o artesanato se tornou um símbolo cultural do Tocantins, reconhecido como patrimônio cultural nacional pela Lei 15.005/24 e como patrimônio histórico do estado pela Lei nº 2.106/2009. A tradição também se difundiu para outras regiões, como Dianópolis, onde a Associação Dianopolina de Artesanato, ativa há mais de 20 anos, produz biojoias e acessórios, liderada por artesãs como Eliene Bispo Cantuário. Em 2025, a associação promoveu um curso de trança e costura na Unidade Penal de Dianópolis, formando 12 reeducandos e reforçando a inclusão social por meio do artesanato.

Hoje, pelo menos 12 associações comunitárias, como a Associação dos Artesãos do Povoado Mumbuca e a Associação Dianopolina de Artesanato, trabalham com o capim dourado, gerando renda para cerca de 400 artesãos e extrativistas autorizados. As peças, que variam de R$ 2 a R$ 500, são vendidas em feiras, lojas locais e no exterior, destacando-se pela originalidade e brilho único. O sucesso internacional atraiu parcerias com marcas de moda sustentável, que incorporam o capim dourado em coleções de acessórios, elevando o trabalho das comunidades a palcos como feiras de design em Milão e Nova York. Eventos como a Feira Nacional de Artesanato e exposições no Museu do Cerrado amplificam o alcance dessas criações, enquanto oficinas promovidas por ONGs e instituições culturais ensinam técnicas avançadas de trançado e design, permitindo inovações sem perder a essência tradicional. O artesanato fortalece os laços comunitários, com histórias e técnicas compartilhadas em rodas de conversa, onde as novas gerações aprendem a valorizar suas raízes e a sustentabilidade do ofício.

 

   Impacto Econômico e Cultural

O artesanato com capim dourado é a principal fonte de renda para muitas famílias no Jalapão, especialmente para mulheres, que lideram a produção. Em média, artesãos ganham até dois salários mínimos por mês, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades. As peças, que já alcançam mercados internacionais, são valorizadas por sua exclusividade, com algumas custando até US$ 500. Este ofício empodera as mulheres, que frequentemente lideram associações comunitárias, promovendo igualdade de gênero e autonomia financeira. O trabalho artesanal também fomenta a economia local ao incentivar a formação de cooperativas, que organizam a produção e a comercialização, fortalecendo a rede de apoio entre os artesãos. Em Dianópolis, a Associação Dianopolina de Artesanato desempenha um papel crucial, produzindo peças que chegam a mercados nacionais e internacionais, incluindo fornecimento para a Ourivesaria Colonial. A associação, ativa há décadas, combina técnicas tradicionais com inovações, como o uso de pedras naturais em biojoias, e promove a inclusão social por meio de capacitações, como o curso de artesanato de 2025, que formou 12 reeducandos na Unidade Penal de Dianópolis.

Além disso, o capim dourado fortalece o turismo na região. Agências como a Cerrado Dourado e a Deserto do Jalapão incluem visitas a comunidades artesãs em seus roteiros, permitindo que turistas conheçam o processo de produção e adquiram peças autênticas. Essas experiências culturais atraem visitantes que buscam vivenciar a autenticidade do Jalapão, enquanto aprendem sobre a importância da preservação do Cerrado. O turismo e o comércio do capim dourado também inspiram projetos de preservação, como exposições que levam a cultura do Jalapão a novos públicos. Programas educacionais, como oficinas em escolas e centros culturais, ensinam às novas gerações o valor do artesanato e da sustentabilidade, garantindo que a tradição permaneça viva no futuro.

 

   

Extração Sustentável: Preservando o Ouro do Cerrado

A extração do capim dourado é rigidamente regulamentada para garantir sua sustentabilidade e evitar a extinção da espécie. No Tocantins, a colheita é permitida apenas entre 20 de setembro e 30 de novembro, quando as hastes estão maduras, secas e douradas, e as sementes já estão prontas para dispersão. Essa época evita o desenraizamento das rosetas e garante a regeneração natural da planta.

De acordo com a Portaria 092/2005 (reeditada como Portaria 362/2007) do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), apenas artesãos e extrativistas credenciados podem realizar a colheita. Além disso, as hastes não podem ser transportadas in natura para fora da região, apenas na forma de peças artesanais finalizadas. Durante a colheita, as flores são cortadas e as sementes espalhadas no solo, assegurando a continuidade da espécie.

Pesquisas realizadas desde 2003, em parceria com a comunidade Mumbuca, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAM), a Universidade de Brasília e outras instituições, mostram que a colheita em outubro não afeta as taxas de natalidade ou mortalidade da planta no curto prazo. No entanto, o impacto a longo prazo de grandes volumes de extração ainda é estudado, reforçando a importância das práticas sustentáveis.

 

Fatos Históricos e Curiosidades

  • Origem Indígena: A técnica de artesanato com capim dourado foi introduzida pelos indígenas Xerente na década de 1920, inicialmente para utensílios domésticos e trocas comerciais.
  • Dona Miúda: Guilhermina Ribeiro da Silva, conhecida como Dona Miúda, falecida em 2010, foi uma das principais artesãs de Mumbuca, responsável por popularizar o artesanato e transmiti-lo às gerações futuras.
  • Festa da Colheita: Realizada anualmente em setembro, antes do período de colheita, a Festa da Colheita no Povoado Mumbuca celebra a cultura local com palestras, comidas típicas, shows e comercialização de artesanatos.
  • Reconhecimento Nacional: Em 2024, Mateiros foi declarada a Capital Nacional do Capim Dourado pela Lei Federal nº 15.050, e o artesanato foi reconhecido como manifestação cultural nacional.
  • Sustentabilidade e Conflitos: A criação do Parque Estadual do Jalapão (PEJ) em 2001 gerou conflitos com comunidades tradicionais, que ainda aguardam indenizações por áreas sobrepostas.

 

Dicas para Comprar Artesanato em Capim Dourado

             

  • Autenticidade: Prefira peças produzidas por comunidades tradicionais autorizadas, como as de Mumbuca, para garantir práticas sustentáveis. Verifique a presença de selos ou certificados de origem, que atestam a procedência e o compromisso com a preservação ambiental, apoiando diretamente os artesãos locais.

  • Época de Compra: Visite o Jalapão durante a Festa da Colheita (setembro) to vivenciar a cultura local e adquirir artesanatos diretamente dos produtores. Além da festa, feiras regionais, como a Feira de Artesanato do Tocantins, oferecem oportunidades de conhecer o trabalho de diversas comunidades, muitas vezes com demonstrações ao vivo do processo artesanal.

  • Cuidados: As peças são delicadas; armazene-as em locais secos para preservar o brilho dourado. Evite exposição direta ao sol por longos períodos e use caixas ou saquinhos de tecido para protegê-las de umidade e poeira, garantindo que sua beleza natural dure por anos.

  • Escolha Consciente: Opte por peças que combinem capim dourado com outros materiais naturais, como sementes ou couro, para valorizar a criatividade artesanal. Para quem busca conveniência e qualidade, a Ourivesaria Colonial, localizada em Natividade, Tocantins, próximo à histórica Igreja de Pedra, oferece uma seleção exclusiva de peças artesanais de capim dourado, incluindo brincos, pulseiras e colares, todos produzidos com respeito à tradição e sustentabilidade. Você também pode adquirir essas peças pelo site da Ourivesaria Colonial (www.ocolonial.com), que entrega em todo o Brasil, trazendo o brilho do Jalapão até você.

 

Conclusão

O capim dourado é mais do que uma planta: é um símbolo de resistência, criatividade e conexão com a natureza. Sua história, enraizada nas tradições indígenas e quilombolas do Jalapão, reflete a força das comunidades que transformam hastes douradas em verdadeiras obras de arte. Com práticas sustentáveis e regulamentações rigorosas, o “ouro do Cerrado” continua a brilhar, levando a cultura do Tocantins para o mundo.Se você se encantou por essa história, compartilhe este artigo e planeje sua visita ao Jalapão para conhecer de perto a magia do capim dourado. Que tal levar um pedaço desse tesouro para casa?

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